domingo, 26 de junho de 2011

A vida é circular

O dia está lindo...

Quando o tempo vai passando, os acontecimentos vão ganhando sentido...

Ouvir a voz dele ainda deixa-me em pedaços... Um grande amor, nas entrelinhas muita dor...

Se não fosse assim não seria humano, não teria beleza...

O que aconteceu era o que tinha que acontecer...

Tudo que eu preciso é está em paz comigo...

Mesmo que essa paz seja um grande alvoroço...
Agora é fazer o melhor por mim e pelos que estão ao meu redor...

E deixar a força do invisível agir...

A vida é um circular, a cada existência, a cada encarnação, a cada década, a cada centenário, poderemos ter uma nova chance.

No dia dos namorados


Alguns dias atrás fizemos uma viagem, eu e essa menina negra, ágil, inteligente e linda que está sempre dentro e fora de mim... Fomos a um lugar deslumbrante, verde e água por todos os lados - Pirinópolis/Goiás.

Não quero parecer pretenciosa, mas, eu, a menina e a água temos certa intimidade... Rios, cachoeiras, lagos, chuvas... É uma extensão de nós... Cada momento que passamos nesse lugar foi de profunda segurança e alegria, um encontro a três.

As águas nos acompanham de muito longe, nascemos numa casinha de taipe nas margens de rio Parnaíba. O reencontro com nossos entes queridos de sangue foi nas margens de outro grande rio, o Tocantins. Trabalhamos ao lado do grande Lago Paranoá. Sempre nos encontramos eu, a menina e a água, como nos buscássemos...

Durante essa viagem eu pouco me mostrei. A menina estava impetuosa, sua alegria rápida como a tempestade de Iansã, suas certezas tão certeiras quanto a beleza de Oxum... As filhas de Iemanjá não negam suas origens: as águas.
Era uma viagem de “dia dos namorados”, eu levei um namorado, mas no meio da viagem ele virou só mais um homem... Não existia lugar para ele entre nós... Como disse outrora era um encontro a três, eu, a menina e a água...

Nessa viagem, encontramos muitos dos nossos iguais. Uma festa de identidade, nem uma capotagem na beira da estrada e um carro que virou um monte de ferro velho, desmanchou a arte desse encontro. Batuques e memórias irradiaram nossa noite. Noite essa que, a menina aproveitou o frio e se escondeu dentro de minha couraça adulta e ficou ouvindo a sabedoria dos mais velhos na roda...

Na volta para casa, a menina não parava de tagarelar:
- Vamos voltar novamente! Esse lugar é um bom lugar para se viver...
- Vamos construir a minha casa da árvore na beira daquele belo rio?
- Quando eu crescer deixe-me contar Histórias para os filhos de Biel e Ana sobre as forças das águas?
- O banho na cachoeira foi gelado e arrepiante, lavou minha alma inquieta...
- Porque está tão calada? Ela me perguntou depois de quase duas horas de viagem e tagarelices.
Respondi de forma serena:
- Gosto de te ouvir, quando tu falas, tenho certeza qual caminho devo seguir.
E chegamos da viagem.  Eu e a menina, alegres, aliviadas e novamente cheias de sonhos.

Nosso encontro de dia dos namorados foi um sucesso.
Eu e a menina voltamos entendendo a frase: “quando seu par é você”.