domingo, 14 de junho de 2020

Poesia em tempos de pandemia


medo? natural
angustia? natural
ameaçando, atormentando,
o que fazer?
aceitar que esta é a realidade, e mais que te perturbar
ir além...
dar risadas
e a partir do possível criar o impossível
além das sombras e dos perigos

solta
te solta
na firmeza que abençoa quando se ama

para de pensar
para de querer

presença
não por ter
mas por ser e estar
como a flor
generosa
que encanta sem palavras...

encontra teus amados e amadas
livre do passado
livre de segundas intenções
simplesmente
ama ama ama
te entrega
celebra
até que a presença em si
o agora
vire fumaça
e mostre
que viver feliz
está além das compreensões

respirar
só respirar
te conduzirá ao estado
que tanto buscas
ser
simplesmente ser e estar
esse é o grande barato

Semana que vêm
Tudo começa
Outra vez
Respira
Age

Muda
Transmuta
Vai fazendo devagar
Tudo o tempo todo muda
Um novo tempo irá chegar


Brasil na transição planetária.


2020, ápice da grande transição planetária.
Meio a Pandemia, o Brasil sendo hoje o país com maior número de mortos, ainda em processo de isolamento social,  ativistas autônomos e da esquerda progressista decidem ir as ruas se manifestar.
Estamos no auge do ataque a democracia pouco consolidada no Brasil. Somos gente diversa, mas, somos nós, o povo negro que é maioria e sempre foi assolado pela violência racista e pela desigualdade capitalista.

Cada um tem seu lugar de fala, de escolha e decisão. Nas ruas hoje, ou em casa, concordando ou não com as manifestações, sejamos aliados, é preciso construir uma nação, de paz, amor e abundância para nós e as próximas gerações.
Decidir ir as ruas, no  ato antifacista, antiracista do dia  07.06.2020, manifestação na Esplanada dos Ministérios. Protagonizada pela juventude negra, com grande participação das mulheres. Foi pacífica, diversa e unificada.

Durante manifestação desse domingo de sol, me emocionei muito; Pontos altos foi ver a juventude negra da periferia lutando por um Brasil com equidade; Meu filho Ariel com seu corpo trans, mestiço, na firmeza, lá entre nós. Minhas amigas feministas cantando; "é preciso está atenta e forte, é preciso não temer a morte". Me lembrei da prece que eu repetia quando eu meditava no templo da chama violeta: Mãe de Deus, mãe divina, mãe do mundo, derramai sobre a humanidade inteira, forças eficazes de tua chama de amor, até que todos nós, tenhamos vencido o medo, a doença e a morte.

Fotografia de Ricardo Stuckert