domingo, 30 de outubro de 2016

"Nem lembro se olhou para traz ao primeiro passo, aço...”


Estou meio introspectiva hoje, sempre sonho que estou em frente a um tanque de guerra, me parece que em outra época, no sonho estou brava com algo, parece tão real, muita fumaça, existe uma revolta, mas sem medo...

Essa noite sonhei novamente com isso, parece mais uma lembrança do que um sonho,não sei ainda... 
Por sorte, vez por outra, sonho também com praias, jardins e seres luminosos...

Quando acordei fiquei lembrando-me de minha juventude, da passagem pelo movimento estudantil. Guiei-me pela  coragem, sofrimento e mortes de gerações passadas que lutaram pela democracia no Brasil, honro cada uma. Rememorei que entre sala de aula, reuniões políticas no DCE, passeatas e greves estudantis e de professores, calouradas, festas, romances, sonhávamos e queríamos construir uma sociedade diferente...

Sei que quando me apresentaram Marx como um clássico, já diziam que suas teorias não davam conta da realidade pós-moderna, eu fingia entender tudo (risos). Só sei que virei uma socialista sem saber quem era Lênin ou Trotsky (isso descobri anos depois). Se eu era comunista ou reformista não me interessava, com 20 anos a gente não precisa saber de tudo, aliás, a gente não precisa saber de tudo em idade alguma, bom mesmo é sempre ter algo a aprender...

Os meus tempos de inquietação,  da UMES para  1ª chapa que concorri no centro acadêmico livre de serviço social na Universidade Estadual do Ceará, os sonhos não envelhecem. Os anos seguintes foram ERESS (encontro estadual de estudantes de serviço social), ENESS, Congressos da UNE,tempos de lutas, aprendizados e aventuras...

Às vezes se repeti em minha mente o refrão da musica na voz de Flávio Venturini“porque se chamavam homens, também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem, nem lembro se olhou para traz ao primeiro passo, aço...”

Penso nos meus filhos Ana e Emanuel,jovens, lutando todo dia para acreditar que existe um futuro com vida em abundancia,lembro dos estudantes pelo Brasil inteiro, ocupando as escolas nesses tempos sombrios atuais... 
E me vem uma frase: a juventude é linda e revolucionária! Mesmo quando alienada, inocente ou degenerada pelos “invalores” do capitalismo. Ela tem uma energia forte, corajosa, confio que sabem potencializar  um movimento inverso nesse processo “involutivo” dessa humanidade desumanizada...

Defino as fases de minha vida como viagens que fiz... E essa viagem de  militância,ativismo na juventude, foi rápida... Tive a companhia de outros jovens, com relações afetuosas, de conflitos, de boemia, de conselhos, de poesia. Meu ativismo no mundo é todo dia!


É, os sonhos não envelhecem, são os mesmos até hoje, continuo acreditando que outro mundo é possível: mais justo, mais igual, com mais liberdade, com mais verdade e beleza.
Apoio as ocupações nas escolas, apoio toda ação da juventude pelos seus direitos.
Num país chamado Brasil, onde investir no agronegócio é mais importante que investir na educação, nossa resposta é luta, luta todo dia! 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Em tempos sombrios...

Nas andanças e danças, nas rodas e curvas da vida,

enraiveceu-se várias vezes por ver tudo ao seu redor desorganizadamente cinza...

Nos dias de sol, ergue o nariz e segue nas lutas e labutas...

Nos dias de chuva, dar  suspiros profundos, descansa, desapego é sua melhor companhia...

Ganha espaço, dar  evasão as mudanças, 
lacrimeja uma esperança corajosa...



Seu ser em totalidade reluz um colorido de novidades...

terça-feira, 4 de outubro de 2016

E a chuva chega novamente no Cerrado

E a chuva chega novamente no Cerrado
O dia tá cinza e frio
Gotas escorrem pela janela
Ela tá líquida e quente
Sorrisos escorrem pelas lembranças
As primeiras chuvas vêm com cheiro de terra
As flores se abrem e cores
Ela fica com cheiro de desejo
Se abre em amores
Liquida sangue quente.
Como a água molha a terra
A plenitude molha seu sexo.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Sobre as Dilmas



Interrogada e torturada antes, ontem
Violentadas e julgadas antes, hoje
Na casa, no trabalho, na política
Não há aceitação para mulheres assertivas,
No patriarcado machista
Ser autentica, nos vale a vida,
Vida pública ou privada
Mestras queimadas, ditas bruxas, fomos!
Sufragistas, rebeldes, presas e mortas, fomos!
Negras, chicoteadas, escravizadas, fomos!

Indígenas dizimadas, fomos!
Lésbicas, linchadas, fomos!
Feito Dilma: guerreiras, dignas, lutadoras, somos!
Seguiremos:
Na luta,
Na busca,
Do nosso lugar da integralidade
Liberdade
Lugar de mulher, não é na sua narrativa de delicadeza feminina
Lugar de mulher é onde ela quiser
!

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Oração do amor próprio


“Que eu saiba primeiro me encontrar, antes de me doar.

Que eu possa respeitar os meus próprios limites e aprender a dizer não quando essa é a minha real vontade e direção.

Nos erros que cometo, que eu possa me olhar com todo amor e compaixão, pois sei que faço e dou o meu melhor, que eu aprecie a autogratidão.

Em cada alegria celebro a grandeza de ser quem sou, sem querer ser uma imagem que pintaram de mim, esse tempo acabou.

Com carinho eu me cuido e me amparo a cada passo, a cada queda. Sei que minha força se refaz no meu tempo, e nele meu coração celebra.

Que eu não me critique ou me culpe, drenando assim minha própria energia. Que eu saiba respeitar o meu tempo de florescer a cada dor, que eu possa também me permitir a alegria.

Que antes de eu cuidar do outro, eu olhe para a minha vida, regue o meu jardim para que a doação não me deixe um buraco e eu me sinta depois dolorida.

Que eu não abandone a mim mesma, esperando que alguém venha me salvar, ao invés disso que eu saiba me olhar com amor e me curar.”

segunda-feira, 27 de junho de 2016

A feminista, o pastor, e o estuprador.




Eu ouvi de um Deputado Pastor fulano de tal

Que estamos todas erradas

As “feministas do mal”

Para ele, o estuprador.

É um “doente mental”

Criminoso diferente

Um monstro,

Um anormal

 Ora, que conveniente.

 Essa proteção moral!

 É difícil entender

A cultura do estupro?

Se o senhor diz que não vê

É porque isso te dá lucro.

O machista se defende

Nega para se eximir

Ele diz que nada sente

E vai tranquilo dormir.

 Só enxerga o crime do outro

A perversidade que está na rua

Assumir os seus pecados?

Tá doido? Só louco!

 Mas a culpa também é sua!

Não te chamo deputado, de monstro estuprador.

Porém esse “homem decente”

A tradição desse crente

É que carrega a nossa dor.

 

 A dor de ser julgada

 Pelo tamanho da saia

Por ou ter ou não ter pudor

A dor de ser condenada

Se, mesmo sem ser casada,

Vai sozinha pro show.

A dor de ser humilhada

 Em cada palmo de calçada

Se faz frio ou faz calor.

A dor de ser violentada,

Dentro da própria casa

Pelo tio, pai, avô.

Não interessa a idade,

 A profissão ou cidade,

Pra conhecimento do senhor

Não disfarce a verdade

Mulher é propriedade

Se o homem é provedor

E quando acontece na festa

Que não era pra adolescente?

Vocês vão duvidar de mim!

Questionar meus “antecedentes”

Justificar o meu fim!

Pois mexi com entorpecente

 E aí... Fique assim

Por que ela quis liberdade demais?

O que estava procurando?

Onde é que estão seus os pais?

 Desse jeito, acaba achando...

Mas, Deputado, vem cá.

Me responde, sem heresia.

 Se eu fosse “mulher direita”

 Isso não acontecia?

E a criança e a freira?

Pastor deixa de hipocrisia.

Na maioria dos casos,

O estupro é na família

É parente o carrasco

É menina...

À luz do dia...

A tradição diz que ser homem

É bem melhor que ser mulher

Andar por aí sozinho

Brincar de bola e carrinho

Ser pai, só se quiser!

Para nós, a brincadeira.

É treinar para ter marido

Casinha, fogão, passadeira.

Cor de rosa só o vestido.

E quem ganha os salários maiores?

Quem não pega barriga, o varão,

Aquele que é mais forte,

Diz a tua tradição.

A Deputada o senhor não respeita

Levanta o dedo e grita

Quando quer ser gentil, silencia,

Atropela, desqualifica.

Encheu a boca pra dizer

“minhas mulheres lá em casa”...

Elas não são como vocês

Nunca serão estupradas.

Dia desses, outro Deputado.

Orgulhoso de si, um homem de fé.

Cheio de certo e errado

Homenageou a esposa, uma dócil mulher.

Ela sim era bem amada

Não era qualquer.

Um terceiro moralista

 Bem amigo do senhor

Gritou ao Brasil inteiro

Seu potencial estuprador

Mas nem todas mereciam

Ter o “prêmio” de terror

 Depois de ouvir tuas palavras

Carregadas de truculência

 De novo, fomos estupradas,

Sofremos indignadas,

Apoiadas na resistência.

Deu pra entender por que negam

Aquilo que tanto alimentam

Os valores machistas que pregam

A cultura do estupro sustenta.

Para as leis que os senhores ditam,

[] Somos sempre mentirosas

Dizem defender a “vida”

Sem se importar com a nossa.

Cadeia à mulher que aborta

BO, IML e por aí vai.

A ela, vigilância e ameaça.

A ele, os direitos de pai.

Vou parar de chama-lo senhor,

Autoridade ou excelência

 Nenhum patriarca opressor

Merece minha deferência

 Educação me deu o professor

 E a vida, desobediência!

 Sua régua não vai nos medir

Suas leis não vão prosperar

A sua moral vai cair

Dá licença, nós vamos passar.

 

* Cordel de autoria da Feminista do Cerrado

sábado, 26 de março de 2016

Santas sagradas que sangram de dor

Meu sagrado feminino sangra nessa sexta feira santa,
Como a terra jorra lama enfurecida,

Como vulva de meninas estuprada nos quartos escuros da vida,
Sangra com compaixão dos que se lembram de ovo de páscoa e esquecem-se das jovens mortas por seus namorados nessa quaresma,

Sangra de pesar, dessa tentativa de golpe maldito, que pesa como chumbo nas minhas costas,
A mesma dor de minhas ancestrais negras, quando eram chicoteadas nas senzalas.

Chamam-nos de loucas, de putas, de vadias, até de santas!
Eu não sou santa!
Santa é nossa luta por creche! Santa é nossa luta para não ser morta por um agressor,
Santa é nossa alquimia, que movimenta liberdade, transforma útero em coração e menstrua amor.

Sagrada é tua criatividade, que ofusca com arte, esse tempo duro de insensatez que vivemos,
Sagrada é tua força, quando entre vazio e terror, iluminas tua mente e escolhes ficar sem temor.
Sagrado é nosso encontro, costuramos nossa historia, emendamos nossas artes, e alimentamos nosso o sonho de viver sem opressor!



* Poesia feita especialmente para o Sarau feminista da Casa Viva de 2016, que por uma conspiração divina, só conseguimos espaço para realizar na sexta-feira santa.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Sobre cuidar...

Sobre cuidar: 
Mesmo  com dias de fortaleza e dias de fragilidade, a coragem permanece. 
A coragem que me guia não é só agressiva, me permite ser tolerante. A minha tolerância não é só paciência. É cuidado.
Esse cuidado não é apenas comigo, ou porque vivo. É cuidado com a vida, com as coisas e seres que compartilham dessa viagem que se chama "Existência" comigo. 
cuidado com os meus, porque sou abrigo.
Esse cuidado não é só pessoal, é com o coletivo também.


E isso faz com que eu busque sempre evoluir. Porque preciso.
Porque mereço.
Por que?
Porque sou Amor...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Sobre a liberdade sexual das mulheres



"Entenda uma coisa:
Não existe mulher que "dá" no primeiro encontro
Existe mulher que faz sexo quando está com vontade.
Ela não te "deu"
Ela nunca te pertenceu
Então não venha com essa de "ela deu pra mim"
Porque na verdade, ela não foi sua.
Ela não conta primeiro, segundo ou terceiro encontro
Ela valoriza os momentos
Ela valoriza as conversas
Os sorrisos
Os olhares
Ela valoriza aquilo que desperta vontade
Aquilo que desperta tesão em viver.
Se ela fez SEXO com você
É porque ela quis.
Não pense que ela faz sexo com todos
Ou pense se quiser
Até porque isso não é da sua conta.
Você não "comeu" ela
Ela ainda está inteira
Ainda ri de coisas bobas na TV
Ainda lê um livro antes de dormir
Ainda sai com suas amigas no sábado a noite
E almoça na casa dos pais no domingo.
Você não "comeu" ela
Porque gente não se come
Se sente.
Ela não saiu por aí gritando para todos
O quanto a transa de vocês foi ruim
Ou o quanto você foi grosso com ela
Ela não precisa dividir isso com ninguém
Então porque você precisa?
Pra se sentir mais "macho" ?
Pra se sentir mais "homem"?
Não cara
Ela não é metade do que você pensa
Ela é tão extraordinária
Que nem cabe dentro dos seus pensamentos.
Ela não te ligou
E ela não estava esperando você ligar
Ela não precisa da sua aprovação
Ela não precisa saber se foi bom pra você
Porque se tiver sido bom para ela
Ela vai fazer acontecer de novo.
Não, ela não estava bêbada
Nem drogada
Ela fez porque quis
Porque tava afim.
Quando ela se arrumou naquela noite
Ela já sabia que seria pra enlouquecer
Ou enlouquecer alguém
E pode ter certeza que você não a enlouqueceu.
Você não ganhou ela na sua conversa fiada
Ela foi porque tava afim
Porque ela te escolheu.
Não saia por aí dizendo que você a ganhou
E que você ganha a hora que quiser.
Ela não te viu como um pedaço de carne
Ela não enxerga ninguém assim
Ela gosta de conexões
Nem que seja só por uma noite
Ela gosta de se sentir ligada a alma de alguém
De sentir o calor
De olhar nos olhos
De sentir prazer físico e emocional
E se ela tiver te achado vazio demais
Não vai rolar de novo.
Você pode rezar
Implorar
Mandar flores
Ela é decidida
Tem personalidade forte.
E no dia em que ela se casar
Vai ser com um cara de muita sorte
Porque de todas as conexões
Aquela terá sido a mais forte
Ele terá sido a alma que ela escolheu
E os dois serão eternamente enlouquecidos
Um pelo outro.
E você?
Ah cara,
Você vai continuar perdendo tempo
Falando por aí das mulheres que você acha que comeu
Vai continuar perdendo tempo achando que ganhou alguém
Você vai acabar sozinho
Porque nunca soube se conectar
Nunca soube sentir a alma de alguém."

Desejos...

Outro dia, nesses momentos de bobeiras na internet, fiz um teste besta no facebook.
Pasmei demais!!! O resultado diz que no meu perfil eu apareço como uma mulher muito "certinha", não que eu seja "erradinha", mas eu sou é  mulher real, mulher de carne, mente, alma e muito coração, tenho horror a esses rótulos. Então, só para contrariar, faço aqui meu protesto com imagem e poesia.

Desejos...

Não sei quanto tempo vai durar, uns dias, uns meses...
Nunca, sempre, não é a duração que nesse momento importa...
Sim, a intensidade, inclusive do desejo que invade meu sexo...

Como tudo em mim é vibrante, assumo minha inquietude:

Precisava dizer-te isso: Ser amor com alguém, mesmo que seja um amor não realizável, dar-me o direito de ter o desejo de dissolver-me no fogo de tua boca, imaginar que delicia será, quando eu, ficar mais embriagada pelo teu toque do que por uma taça de vinho.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sobre feminino sagrado...

Meu feminismo não anula meu feminino, nem meu sagrado...
Meu poder vem de dentro...
De minha essência...
Da minha conexão com os ciclos da natureza...
Não desejo nenhum poder sobre...
Meu poder é com...
Meu poder é para...
Deus pai/mãe sabem de minhas buscas...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

“Você cuida de quê?”

 Para 2016, faço minhas, as  palavras de  de Lala Deheinzelin: 
“Você cuida de quê?”

- Escolha onde e como investir seus tesouros:

- O que é sentido faz sentido. Reparou como a palavra “se tocar” significa também compreender? Que só há saber quando há sabor? Pois é. Se joga na experiência, no sentir, que a vida vai fazer mais sentido. E, estando presente, quem sabe você perceba que o medo geralmente se refere a algo que está no passado ou no futuro.

-  Compartilhe e ganhe tudo, inclusive confiança. Você deseja uma furadeira ou um furo? Possuir ou usar? Já reparou quanta coisa ociosa existe. Compartilhando espaços, equipamentos e materiais excedentes você não apenas consegue o que precisa como faz bem ao mundo, otimizando recursos. Ah! Compartilhar é a melhor forma de confiar, e sem confiança não há futuro desejável. Muito menos presente possível.

 - Gere abundância a partir do cuidar e desfrutar. Coisas são finitas e se consomem com o uso, e o resultado é a escassez. Mas o que é ligado ao cuidar e ao desfrute é infinito e se multiplica com o uso. Bem estar, relações, cultura, experiências, conhecimentos. Desfrute estas abundâncias acessíveis. E que são também as melhores oportunidades para empreender.
Quem sabe no futuro, ao invés de dizer “Você trabalha com quê?”

 Perguntaremos “Você cuida de quê?”