Nesse
território corpo,
meu corpo,
meu corpo,
Sou senhora dos
meus desejos, ciclos,
líquidos,
fluidos e prazeres,
Tu não podes
invadir,
Essa é a
regra!
No território
tribo, tu, branco elitista,
Que pensa
ser Deus,
Antes de chegar aqui, eu índia, já estava e a regra sempre foi me amar,
Aborto aqui, só dos mal presságios, meu
útero, minhas ervas,
Minhas
regras,
Desciam,
pelo poder da quebra pedra e da arruda,
que no mato dar,
Pois comigo
ninguém pode, nem nunca poderá...
No
território quilombo, tu branco elitista,
Que pensa ser Deus,
Criminoso eis tu, tirou de meus braços erês amados,
E até hoje,
segue nas favelas a nos matar,
Te aviso, a
regra sempre foi lutar e livre ficar.
Aborto aqui
só da escravidão,
Meu útero,
minhas regras,
Pelo poder do
boldo e da Sálvia que eu mesma
plantei,
Fazem-me
companhia, jurubeba a te enganar.
Nós outras,
nós todas, todos os territórios, de ontem, de hoje,
Nossos
corpos, nossas regras, vocês, homens de terno,
Que pensam
ser Deus,
Não vão
continuar a nos matar, abortamos agora mesmo, suas falácias fascista,
Nosso corpo,
nossas regras, seremos como ervas daninha,
no teu calcanhar,
Seremos cravos de jardim, vamos continuar,
juntas, irmanadas pra te enfrentar.
Nesse território,
não mandarás!
Aborto,
legal e seguro já!
Nossas
ervas, a nos abençoar!