terça-feira, 31 de julho de 2018

Meu corpo, minhas regras, minhas ervas


Nesse território corpo, 
meu corpo,
Sou senhora dos meus desejos, ciclos,
líquidos, fluidos e prazeres, 
Tu não podes invadir,
Essa é a regra!

No território tribo, tu, branco elitista,
Que pensa ser Deus,
Antes de chegar aqui,  eu índia, já estava e a  regra sempre foi me amar,
Aborto aqui, só dos mal presságios, meu útero, minhas ervas,
Minhas regras,
Desciam, pelo poder da quebra pedra e da arruda, que no mato dar,
Pois comigo ninguém pode, nem nunca poderá...

No território quilombo, tu branco elitista,
Que pensa ser Deus,
Criminoso eis tu, tirou de meus braços erês amados,
E até hoje, segue nas favelas a nos matar,
Te aviso, a regra sempre foi lutar e livre ficar.
Aborto aqui só da escravidão,
Meu útero, minhas regras,
Pelo poder do boldo e da Sálvia que eu mesma plantei,
Fazem-me companhia, jurubeba a te enganar.

Nós outras, nós todas, todos os territórios, de ontem, de hoje, 
Nossos corpos, nossas regras, vocês, homens de terno,
Que pensam ser Deus,
Não vão continuar a nos matar, abortamos agora mesmo, suas falácias fascista,  
Nosso corpo, nossas regras, seremos como ervas daninha, no teu calcanhar,
Seremos  cravos de jardim, vamos continuar, juntas, irmanadas pra te enfrentar.
Nesse território, não mandarás!
Aborto, legal e seguro já!
Nossas ervas, a nos abençoar!





Nenhum comentário:

Postar um comentário